sexta-feira, 1 de junho de 2012

A Força do vento.


Vontade que vem.

Um tatu bota a cabaça pra fora.

O vento não se contém.

Como se o mundo fosse acabar naquela hora.

Já era sem tempo. E também lhe convém.

Tatu! Bota o corpo todo pra fora!


Tatu que vai rolando.

Passa varado!

Não da mais pra ficar esperando.

Você não pode mais ficar parado!

Olhando.

Deslocado.

Se exilando.

No seu túnel mimado.

Se maltratando.

Ficando desesperado.

Pois estão lhe botando.

A coleira de animal domesticado.

Para você nunca mais sair voando.

E querer ir morar lá do outro lado.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Choro da madrugada.


O canto de lamurias entoa na madrugada.

A paixão exacerbada se esvai pela boca.

Se espalha pelos ares e encontra a nobreza infindada.

Da pele seca e da carcaça oca.

A estepe está alagada.

E o uivo do lobo solitário por todos os cantos ecoa.


Belo nobre, que tão feio parece.

Reclama sempre do que traz o vento.

Traz consigo o que tanto lhe enriquece.

O enchendo de tanto lamento.

Sempre tramando com o que lhe aparece.

Pois nunca acaba o seu tormento.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Sementes.


Plantar uma árvore e frutificar.

Ver as folhas deitadas na grama.

Que estão à espera do que vai brotar.

A natureza ele ama.


Ter um filho, dois ou três.

Uma família a criar.

Ter uma vida de burguês.

E algumas bocas a sustentar.


Escrever um livro com uma história.

Permanecer com retidão.

Preparando a oratória.

Para as perguntas que virão.


A árvore escreve.

O livro cresce.

O filho germina e se atreve.

O humor que sobe e desce.

Ora bolas! O homem sempre deve.

É que a soberba enriquece.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Palpitando.


A emoção que bate.

É um coração que pulsa.

O peito rebate.

Toda a repulsa.

A alma que late.

Que ataca e expulsa.


O corpo chora de tanta amargura.

Esfria, congela, engasga e engole.

Muito se fala na imensa frescura.

Da água que vem de um pequeno gole.

Que dá com vontade o Deus da
Feiura.


Palpita então com reflexos mil.

Atordoa, tonteia, balança e esquenta.

Olha com raiva pro próprio covil.

Nem mais ele se agüenta.

Mudanças já!! O antigo sumiu.

Saia já dessa água barrenta!!!

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Divinando.


Nos cantos do mundo os seres se
espalham.

Fundam as casas, as ruas e vilas.

Cidades nascem, crescem e definham.

E somam a si mesmos às imensas filas.

Por onde questionam e reclamam, mas também caminham.

Porque sem movimento constante nao fazem a terra girar.


Homem quando age, o fogo se acende.

Quando tudo flui na correnteza do destino o peregrino pode se guiar.

Onde tanto ensina e tanto aprende.

Com o ar, a terra e o céu o fazem dominar.

E ajudam o espirito, que assim ascende.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Paralisia.


Sulco fundo e permanente.

Desde os confins do passado antigo.

Revela aquilo que esconde na mente.

É a grande arma do inimigo.

Sofre sozinho, maluco e carente.

Garimpa sempre um bom amigo.


Estirado na cama fica o rapaz tranqüilizado.

Sente o sangue circulando.

Devidamente encapuzado.

O peito palpitando.

Um tanto quanto enraizado.

A cabeça latejando.

O talento menosprezado.

Ele queria estar voando.

Plenamente emancipado.

Mas vive a vida simulando.

Com o corpo necrozado.

terça-feira, 24 de abril de 2012

Castelos de tolo.


Dos algodões do céu o sinal de luz intensa.

Do farolete que acende uma chama.

Faz a mente achar que pensa.

E amar quem não se ama.

Mas com o medo da nuvem densa.

Logo se revela a grande trama.

Daquele que espalha a ofensa.

E atola todo mundo na lama.


Raios e trovões, chuvas e a forte tempestade.

Relâmpagos da raiva armazenada.

Dos que perderam a divindade.

E estão fadados à derrocada.

Buscam abrigo nos castelos da idade.

Onde possa a vida ser adorada.

Raiva essa que deixa saudade.

Na eterna chama transtornada.


Complexo é o castelo.

Com seus muros infinitos.

E com tudo que é mais puro e belo.

Sua história guarda os ritos.

Da antiga história de um elo.

Num passado onde viveram os mitos.


Sobe e desce a escadaria.

Puxa, empurra, roda e pula.

Busca então a hospedaria.

Guiando com calma a sua mula.

Chega então à casa de alvenaria.

De um ser de linguagem chula.

Que de sua boca só contava causo, lembrando de algo que nunca mais encontraria.


Passou assim pelo pedante.

Pisou o mais alto pedaço de nuvem, avistando assim o grande castelo forte.

Se dividia em muitos outros, mostrando uma cena acaxapante.

Temeu que chegara a hora da grande morte.

O momento da vida mais aterrorizante.

Pois sua alma se equilibra na sorte.

Da moral tranqüilizante.


Some assim mais um peregrino.

Distante da terra e de toda gente.

Pois de onde veio entoam um hino.

Que lhe deixa diferente.

Embora agora nada mais lhe sirva de consolo.

Pois os sentidos sumiram juntamente.

Com a visão do ouro de tolo.

Castelos sumiram com a força da mente.

Do antigo e saudoso Manolo.

Agora louco e demente.